Kyuho Lee // Inspirado pelo Japão, colocado em prática em um estilo sul-coreano como Madmans Esprit

Você talvez tenha ouvido sobre Kyuho e o trabalho dele como Madmans Esprit, mas caso não tenha… Madmans Esprit é o projeto solo de 叫號 (Kyuho) que foi inspirado pela cena do ヴィジュアル系 (Visual Kei) do Japão, como você poderia provavelmente supor só pela aparência da banda. Mas a banda também toma muita inspiração do gênero black metal em seus trabalhos. O projeto começou em 2010 na Coreia do Sul, mas quando 叫號 (Kyuho) se mudou para a Alemanha o projeto se mudou com ele. Essa é, na verdade, a segunda vez que a banda faz turnê pela Europa, a primeira sendo em 2017, mas dessa vez muito mais pessoas têm conhecimento. Madmans Esprit recentemente foi adicionado na lineup de artistas sob o selo alemão da Gan-Shin Records, dando a eles um passo a mais aqui na Europa.

Além do Madmans Esprit, 叫號 (Kyuho) também é guitarrista do “ms, isohp romatem”, que é a banda de Juho – que coincidentemente é o guitarrista do Madmans Esprit – e membro de um projeto chamado “HUMAN TRACES”. Você já está confuso? Eu admito que estava, de primeira.
Apesar disso, eu convidei 叫號 (Kyuho) para uma conversa para aprender mais sobre seu projeto, e também sobre ele mesmo, já que sua música causou um certo impacto na Europa… O que ele pensa sobre isso?

Então, para descobrir…

 

Vamos começar!

Há pelo menos um ano muitas pessoas aqui na Europa começaram a falar sobre o seu projeto Madmans Esprit, então eu suponho que muitos leitores já saibam quem você é, mas poderia se introduzir novamente, só por garantia?
叫號 (Kyuho): Eu sou 叫號 (Kyuho), do Madmans Esprit. Esse é basicamente meu projeto solo. Para essa turnê eu usei o serviço de membros de apoio tanto da Coreia do Sul quanto da Alemanha. Minhas músicas têm influência de diferentes gêneros, como black metal e até música clássica, mas também experimental como Pink Floyd. Além disso, eu tomo várias inspirações de músicos japoneses do gênero ヴィジュアル系 (Visual Kei).

叫號 (Kyuho)
Vocalista 叫號 (Kyuho) durante apresentação no Popcentrale em Dordrecht.

Com o passar dos anos eu aprendi que o ヴィジュアル系 (Visual Kei) inspira artistas de todo o mundo, mas e sobre você? Como você aprendeu sobre o gênero ヴィジュアル系 (Visual Kei) na Coreia?
叫號 (Kyuho): Cerca de quinze anos atrás, eu acho, havia uma banda na Coreia, eles se chamavam “THE TRACKS”. Era algo como um boygroup de K-Pop, mas num estilo ヴィジュアル系 (Visual Kei) e com uma sonoridade de metal. Eu vi o trabalho deles na TV e me interessei imediatamente. Comecei a procurar mais dessas bandas online e encontrei X JAPAN, DIR EN GREY e LUNA SEA, que são grandes bandas de ヴィジュアル系 (Visual Kei), como você deve saber. Desde que era mais novo eu queria montar uma banda de ヴィジュアル系 (Visual Kei), mas não conseguia achar pessoas que se interessassem por esse conceito. Além disso, a sociedade coreana é muito conservadora, então até mesmo ser uma pessoa de estilos alternativo ou gótico é meio difícil. Eventualmente achei alguns membros interessados nessa ideia e comecei a juntar esses elementos de ヴィジュアル系 (Visual Kei). Quando estava sozinho eu podia fazer o que quisesse, mas agora eu tenho membros reais com quem eu toco, e eu preciso dizer para eles que procuro um certo tipo de estética/visual. Eles concordaram comigo e agora está acontecendo. Até onde eu sei, atualmente também não há nenhuma banda de ヴィジュアル系 (Visual Kei) ativa na Coreia.

Você claramente tem uma relação com a música desde que era bem mais jovem, mas você imediatamente decidiu que queria criar sua própria música? E, para você, o que é escrever suas músicas atualmente? Tem tanto para se colocar nas letras, esse é um jeito de lidar com o mundo a sua volta, por exemplo?
叫號 (Kyuho): Eu não tenho certeza, na verdade. Eu gostava de fazer minhas próprias coisas desde muito jovem. Estava sempre escrevendo, desenhando, pintando, criando videogames e estudando programação. Quando eu comecei a ouvir música foi uma progressão natural para que eu fizesse algo meu. Essa é a coisa mais interessante pra mim, conseguir fazer algo meu. Eu não tenho certeza sobre como isso afeta meus arredores, ou mesmo a realidade que encaro todo dia.

Você disse que existem vários artistas que influenciam o seu trabalho, pode me contar um pouco mais sobre suas inspirações? Do que você particularmente gosta?
叫號 (Kyuho): X JAPAN é definitivamente uma influência por conta de suas músicas clássicas e dramáticas. DIR EN GREY é uma influência também, mas, na verdade, eu não ouço muitas bandas de ヴィジュアル系 (Visual Kei). Eu acho que ouço umas cinco. As outras influências vem de um background de black metal. Eu falo disso várias e várias vezes, mas tem uma banda chamada “Shining”, da Suécia. E eles são uma banda de black metal. “Radiohead”, entretanto, é absolutamente minha favorita. Apesar deles terem algumas músicas ruins que ficaram famosas, eu acho que eles são muito brilhantes, musicalmente falando. Também gosto bastante do novo álbum da Billie Eillish. Também achei brilhante.

 

Da Coreia do Sul para a Europa

Vamos falar sobre o que estamos fazendo aqui hoje, já que você está em sua primeira turnê na europa depois de ser aceito na gravadora Gan-Shin e sua música tem ganhado mais visibilidade desde então. Você acha que essa experiência o ajudou a crescer como músico?
叫號 (Kyuho): Ah, sim, definitivamente. É uma situação completamente diferente comparado ao que era antes de eu ser aceito pela gravadora aqui…

Guitarist Juho
O guitarrista Juho durante apresentação no Popcentrale em Dordrecht.

Você morou na Alemanha por algum tempo, então não é sua primeira vez nem seu primeiro show aqui na Europa. Você já visitou o continente antes, mas há algo que gostaria de ver estando aqui novamente?
叫號 (Kyuho): Não tenho certeza, já que não estou realmente interessado em passear ou dar uma volta e encontrar algo novo. Não estou realmente interessado em passeio, não importa onde eu vá. Gosto de ir a cafés e simplesmente estar lá com meus amigos. Também gosto de outras coisas, mas não consigo pensar em algo específico agora.

Apesar de ter nascido na Coreia do Sul, você também domina vários outros idiomas. No momento estamos fazendo esta entrevista em inglês, mas você também fala alemão e japonês. Mesmo assim, você optou por usar principalmente o inglês para Madmans Esprit. Você optou por usar o inglês para atrair um público mais amplo em todo o mundo ou foi apenas mais fácil se expressar nesse idioma?
叫號 (Kyuho): Depende, eu acho. Na verdade, tento não fazer tudo em inglês, pois embora possa ser mais fácil, também pode atrapalhar o fluxo devido ao imperialismo linguístico. Tento expressar o que quero, expressando o que tenho na cabeça na maior parte do tempo. Com a música “SUICIDOL”, por exemplo, eu queria entregar algo, então usei intencionalmente o inglês para fazer com que mais pessoas entendessem a mensagem com mais facilidade. Uma mensagem não funciona se você não consegue entendê-la. Eu determino qual linguagem uso com base em qual expressa o que desejo entregar melhor.

Ao lado do Madmans Esprit você também está ativo com “ms. isohp romatem” e “HUMAN TRACES”, mas como você concilia tudo isso? As obras às vezes não se misturam ou você as mantém separadas propositalmente?
叫號 (Kyuho): Acho que elas são bem separadas uma da outra. É claro que faço parte de todas elas, então há alguma influência que retorna em cada uma delas. Mas na maioria das vezes eu sei imediatamente desde o início para qual projeto se destina a música em que estou trabalhando. Desde as primeiras notas de um riff de guitarra eu posso decidir “ah, não vou usar isso para ms. isohp romatem.” por exemplo. Se eu não fizer essa separação não faria muito sentido ter vários projetos ativos ao mesmo tempo, não é mesmo?

Para esta turnê vocês têm uma line up bem diversificada, já que alguns dos membros suporte são da Coréia e outros da Alemanha. Mas como isso funciona na prática? Existe alguma confusão relacionada ao idioma ou à cultura, ou não existe?
叫號 (Kyuho): Acho que estamos indo muito bem como grupo, na verdade. Todos falamos inglês e por isso nos comunicamos nessa língua. Nós amamos beber e todos respeitamos os limites uns dos outros. Acho que a distância entre nossas culturas é realmente uma coisa boa. Musicalmente, escolhemos tudo separadamente, na verdade, cerca de dois dias antes do início da turnê, tomamos algumas cervejas juntos e tudo se encaixou durante nossos drinks.

Um de seus guitarristas é na verdade o vocalista de “ms. isohp romatem”, então para esse projeto você basicamente troca de papéis, mas isso não parece estranho às vezes?
叫號 (Kyuho): Na verdade não! Ele também toca guitarra na outra banda e confio nele e em seu estilo. Quando ele toca comigo no Madmans Esprit, seu caráter e personalidade são muito parecidos com quando tocamos juntos em “ms. isohp romatem”. Na verdade, é muito natural pra mim que ele toque tanto nesta banda quanto na outra.

 

Planos para o futuro

Até agora falamos sobre o passado e o presente, mas e os planos para o futuro? O que você planeja fazer depois que a turnê terminar? Já existe um novo lançamento fervilhando na sua cabeça ou talvez algo diferente, como moda ou arte?
叫號 (Kyuho): Há algumas ideias ambíguas que estou planejando tornar realidade em algum momento, mas nem tenho certeza se elas se tornarão realidade ou o que farei com elas. Estou pensando em fazer música, claro, mas também outras coisas como moda, arte ou até vídeo. Qualquer coisa, na verdade, desde que estejam centrados na música. Eles não podem ser o principal da banda, afinal a música é. Então, quando há algo novo, as outras coisas virão naturalmente.

Vocalist 叫號 (Kyuho)
Vocalista 叫號 (Kyuho) durante apresentação no Popcentrale em Dordrecht.

Na sua música você é muito aberto sobre o mundo e a situação em que vive, o que significa que sua vida diária tem uma grande influência em seu trabalho. Se a sua situação fosse diferente, você acha que sua música também teria sido diferente, ou você ainda buscaria o estilo agora característico do Madmans Esprit?
叫號 (Kyuho): Se eu estivesse em um ambiente diferente, meu trabalho provavelmente seria algo completamente diferente do que é agora, sim. Uma das partes principais de Madmans Esprit – ou qualquer coisa que eu esteja criando, na verdade – é uma expressão de dor, opressão e tristeza, eu acho. E esses temas vêm, na verdade, do meu entorno, da realidade que tenho que enfrentar todos os dias. Então, se minha situação fosse diferente, minha música provavelmente também teria sido, sim

Você criou praticamente todos os seus trabalhos sozinho, mas e sobre trabalhar com mais alguém? tem alguém com quem você gostaria de unir forças no processo criativo, e quem seria?
叫號 (Kyuho): Cara, essa na verdade é uma pergunta bem difícil… eu não consigo pensar em uma pessoa específica. O fato é que, quando eu estou fazendo música com essa banda eu não me comunico com os outros, eu não peço a opinião deles sobre algo em que eu estou trabalhando. Eu tenho uma ideia do que eu quero, então eu crio e aí está finalizado. É bem difícil para eu me imaginar trabalhando com outra pessoa na fase de criação. Quando tocamos ao vivo eu digo o que eu quero, mas novamente, na fase de criação é bem difícil até de imaginar trabalhar com outra pessoa. Talvez eu precise de dias pra pensar numa resposta concreta para essa pergunta…

Para ajudar a promover seu lançamento mais recente “SUICIDOL” você fez o design de algumas joias para acompanhar. Mas isso é algo que gostaria de repetir no futuro, ou foi algo de “apenas uma vez”?
叫號 (Kyuho): Depende, eu acho. A música e o MV pra “SUICIDOL” são bem fabulosos e chiques para mim, então eu achei que a gargantilha e as outras coisas encaixavam bem como merchandise. Também, eu realmente odeio camisas de banda que só tem a logo da banda nelas. Quando as pessoas gastam dinheiro na minha merch eu quero que elas pareçam super legais usando. Pode ser qualquer coisa, mas realmente eu acho que terá algo assim no futuro novamente.

Isso me leva à última pergunta na minha lista por hoje… o que significa que estamos terminando essa entrevista. Você tem algo que gostaria de compartilhar com os leitores como uma mensagem de despedida antes que eu “liberte você das minhas garras” novamente?
叫號 (Kyuho): Essa é mais uma daquelas perguntas difíceis de responder… Uh- É claro que não tenho certeza de como serão os leitores, mas ontem tive um show em Colônia e fiquei muito emocionado com as pessoas de lá. Começamos muito tarde e não conseguimos muitas vendas de ingresso antecipadas. Então eu estava muito preocupado em tocar em um local quase vazio. Mas acabou que a atmosfera era uma das mais calorosas durante esta turnê europeia. Estou muito grato a todos os fãs, e se você é um fã e está lendo esta entrevista: estou muito, muito, muito grato pelo seu apoio!

 

Informação extra

Falar com 叫號 (Kyuho) definitivamente foi uma nova experiência para mim, já que eu nunca havia falando com um artista da Coreia do Sul antes, e com certeza não com um que não estava muito interessado em K-Pop. Então esse foi um mundo inteiramente diferente para mim. Especialmente pela conexão internacional de 叫號 (Kyuho) com a Alemanha.
Enquanto o trabalho dele pode não ser de muito apelo para todos, ele tem uma ideia bem clara do que quer e de que mensagem ele quer trazer para sua audiência através tanto da sua música quanto de sua merchandise. Então, definitivamente chequem seu trabalho, não apenas Madmans Esprit como também “ms. isohp romaten” and “HUMAN TRACES”, já que cada projeto possui um estilo diferente, e definitivamente mostra a versatilidade que ambos 叫號 (Kyuho) e Juho tem em seus trabalhos”

Nós também tiramos fotos da performance no Popcentrale (Dordrecht, Países Baixos). Você pode encontrar essas fotos no nosso portfólio fotográfico. Arlequin Photography, clicando na imagem abaixo!

 

Siga Madmans Esprit pela web

叫號
(KYUHO)
🎂 04/16


ARC

🎂 06/18

JUHO

🎂 10/17

GEON

🎂 06/29

YOEL

🎂 08/24

 

Madmans Esprit Brazil

Esta entrevista foi traduzida pela Madmans Esprit Brasil, fan page brasileira da banda coreana Madmans Esprit.
Para obter mais informações, gostaríamos de encaminhá-lo para a conta do Twitter/X.

雪 (Yuki) é o proprietário e a força motriz por trás de Arlequin.
Ela iniciou o projeto originalmente em 2009 como fotógrafa sob o nome de Arlequin Photography, mas desde então desenvolveu um interesse por jornalismo e tradução. Por causa desses interesses, entrevistas e resenhas foram adicionadas ao projeto, até que ele finalmente atingiu os limites como “fotógrafo” em 2021, e a Arlequin Magazine foi adicionada à mistura.

雪 (Yuki) é uma falante nativa de holandês com formação em design gráfico, o que significa que ela também é a principal pessoa por trás da Arlequin Creations.
Depois de todos esses anos, ela ainda é a principal pessoa que dá entrevistas e fotos ao vivo que você vê no Arlequin, mas também uma grande parte das resenhas de álbuns, dos bastidores e da comunicação passa por ela.

Ela fala holandês e inglês como nativa, mas também entende japonês e alemão.

Deixe uma resposta